A conferência propõe um mergulho na trajetória da REDE KINO — Rede Latino-americana de Educação, Cinema e Audiovisual — criada em 2009 por educadores, cineastas, pesquisadores e ativistas culturais comprometidos com a potência transformadora das imagens em movimento no campo da educação. Ao longo de mais de uma década, a REDE KINO vem tecendo articulações entre escolas, universidades, cineclubes, coletivos de cinema comunitário, festivais e políticas públicas em diferentes países da América Latina, apostando na criação de espaços comuns de aprendizagem, experimentação e resistência.
 
A partir de um mapeamento das experiências que compõem a Rede, serão discutidas práticas pedagógicas e estéticas que atravessam fronteiras disciplinares e geográficas, fortalecendo a circulação de saberes, filmes e afetos entre territórios diversos. A conferência também aborda a participação da REDE KINO em processos decisivos para a institucionalização do cinema na escola, como a regulamentação da Lei 13.006/14 no Brasil, a construção da proposta de Programa Nacional de Cinema na Escola, incluindo formação docente e a formulação de políticas públicas de acesso e curadoria audiovisual.
 
Em tempos de tecnocapitalismo e plataformas hegemônicas, a REDE KINO afirma o cinema como linguagem de escuta, memória e emancipação. Sua atuação propõe um outro tempo para a escola e para a educação: um tempo de criação, de vínculos e de reinvenção coletiva da vida. Trata-se, portanto, de uma rede viva que pulsa nas brechas, nos encontros e nas imagens que ainda insistem em ensinar a ver — e a transformar — o mundo.
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Cinema em terra firme: memórias contra o vento digital
 
A fala articula experiências que tensionam os lugares possíveis do cinema na educação contemporânea diante do avanço das reformas digitais e da mercantilização das práticas pedagógicas. A apresentação propõe resistências sensíveis e políticas, por meio da criação de dispositivos formativos com professores e estudantes da escola pública, da invenção de outras formas de arquivamento e da valorização dos elementos estéticos do cinema brasileiro. Entre práticas de curadoria, criação audiovisual e uso de tecnologias alternativas — como o (futuro) armazenamento em cerâmica — emerge a defesa do cinema como linguagem coletiva e a permanente produção de memória, alteridade e mundos comuns. Ao invés da datificação da vida e da gestão algorítmica do ensino, propõe-se a imaginação de outras pedagogias do olhar e do escutar.